CADERNO DE COTIDIANO
Jardim Monte Alto no Mapa de Risco e Remoções
A falta de política habitacional e a omissão histórica do estado, aliado ao modelo capitalista de cidades, em que a terra é uma mercadoria para poucos, fez com que, ao longo dos anos, os piores locais para morar fossem reservado aos pobres. Não é difícil entender porque os movimentos populares afirmam que nos dias de hoje, a “favela é nova senzala”. O lugar dos pobres, ao longo de décadas, sempre foi a favela, o morro, o cortiço, as encostas, à beira dos rios e córregos nas cidades. Entretanto, terrenos e regiões, áreas ocupadas, que não tinham qualquer valor para as construtoras e empresas passaram a ser de grande interesse.
Trata-se de um tema complexo e que precisa ser discutido com profundidade e detalhamento, já que o risco pode se configurar enquanto uma justificativa que legitima remoções rápidas e com poucas possibilidades de debate em relação a outras possibilidades de intervenção que não seja apenas a remoção. Como já dissemos acima, o argumento do risco pode até mesmo mascarar processos de reestruturação urbana em curso, que se sobrepõem a áreas vulneráveis.
Nesse sentido, o caso do município de Guarulhos vem chamando atenção desde 2018, quando tomamos conhecimento de cerca de 97 Ações Civis Públicas promovidas pelo Ministério Público de Guarulhos que pede a remoção de “97 áreas de risco” apontadas por um levantamento do Serviço Geológico do Brasil – CPRM, entregue em 2014, dentre elas está o caso do Jardim Monte Alto, localizado no bairro Cabuçu. A área foi classificada como risco alto de solapamento de margem de córrego no levantamento realizado pela CPRM e é com base em laudo pericial que se utiliza desse mapeamento, que a ACP pede a remoção das famílias que vivem nas 27 casas incluídas no setor de risco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário